Com a instalação do regime republicano um ato político virou tradição: os governadores em fim de mandato são automaticamente guindados ou premiados com um lugar no Senado Federal.
No Maranhão, essa regra tem sido cumprida quase que religiosamente e com mais visibilidade a partir de quando o país livrou-se do Estado Novo e voltou à estrada democrática.
Um olhar sobre a vida política maranhense ver-se-á em toda a plenitude que poucos foram os governadores, após o final do exercício de governo, a não conquistar um mandato de oito anos, na mais alta Casa do parlamento nacional.
Alguns não seguiram essa tradição por vontade própria, vale dizer, retiraram-se espontaneamente da atividade pública, preferindo o anonimato ou o recolhimento à vida particular. Outros, porém, por motivos essencialmente partidários ou para elegerem os sucessores.
Depois dessas ligeiras considerações, vejamos os ex-governadores do Maranhão conduzidos, pelo voto do eleitor ao Senado da República, e os que optaram pelo ostracismo político.
Pela ordem cronológica, o primeiro governador eleito depois da redemocratização do país, Sebastião Archer da Silva. Por questões partidárias, manteve-se até o término do mandato em 1951. Mas nas eleições de 3 de outubro de 1954, concorreu ao pleito senatorial, elegendo-se a uma das vagas a que tinha direito o Maranhão.
O sucessor de Archer da Silva, o governador Eugênio Barros, também, ficou até o final do mandato em 31 de janeiro de 1956. Foi eleito senador em outubro de 1958, derrotando o candidato das Oposições Coligadas, Hugo da Cunha Machado, que havia rompido com o vitorinismo.
O substituto de Eugênio Barros, Mattos Carvalho não deixou o governo para se candidatar ao Senado. Passou o Poder Executivo ao eleito, Newton de Barros Bello, pensando disputar o pleito de senador em 1962. Teve, porém, sua candidatura afastada pela cúpula do PSD, que preferiu renovar o mandato de Sebastião Archer da Silva. Mattos Carvalho, como prêmio de consolação, teve de contentar-se com o mandato de deputado federal.
Sucedeu a Mattos Carvalho, Newton Bello, que imaginava candidatar-se ao Senado nas eleições de 1966. Todavia, o movimento militar de 1964 e a eleição de José Sarney a governador em 1965, levaram o seu plano por águas abaixo. Renunciou ao mandato três dias antes do término do governo, não para se candidatar, mas passar o cargo ao vice, Alfredo Duailibe, que o transferiu ao eleito, José Sarney.
José Sarney sucedeu a Newton Bello. Antes de findar sua gestão à frente do governo, em função da lei de desincompatibilização, renunciou ao mandato de governador em maio de 1970, para candidatar-se ao Senado da República. Eleito com votação consagradora assumiu em 1971 o mandato de senador, ocupando a vaga do ex-governador Eugênio Barros, que não se reelegeu. Sarney, em face da dissolução dos partidos políticos e da adoção do bipartidarismo, concorreu pela Aliança Renovadora Nacional.
Depois de Sarney, os três governadores que o Maranhão teve não foram eleitos por eleições diretas: Pedro Neiva (1971-1975), Nunes Freire (1975-1979) e João Castelo (1979-1982). Os dois primeiros ficaram no governo até o mandato acabar. João Castelo, contudo, optou pela candidatura à Câmara Alta do país, razão pela qual renuncia ao mandato em maio de 1982, depois de uma crise política que o levou a romper com o senador José Sarney. Castelo disputa o pleito de outubro de 1982 e ganha o direito de ocupar o lugar de Henrique de La Rocque Almeida, que renuncia ao mandato para assumir o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União, em 1980. O restante do mandato de La Rocque foi exercido pelo suplente, Luis Fernando Freire.
O sucessor de João Castelo no governo do Estado foi o deputado Luiz Rocha (1983-1987), que se determinou a permanecer no cargo até a expiração do mandato em março de 1987. Abdicou da candidatura ao Senado e não participou do processo de sua sucessão, por rejeição à candidatura do deputado Epitácio Cafeteira, lançada pelo grupo Sarney, à chefia do Executivo do Estado, no período de 1987 a 1991. Cafeteira, antes de terminar o mandato e já rompido com o senador Sarney, renuncia ao cargo de governador, em abril de 1990, em atendimento à legislação eleitoral relativo à desincompatibilização. Filiado ao PMDB, elege-se senador em outubro de 1990, mandato que exerce até 1998.
O governador do Maranhão eleito em outubro de 1990, para o mandato de 1991 a 1995, Edison Lobão. Em março de 1994, renuncia ao cargo, transferindo-o ao vice, Ribamar Fiquene, para cumprir o que mandava a lei de desincompatibilização. Nas eleições de outubro de 1994, Lobão se elege para exercer o seu primeiro mandato de senador.
Para suceder a Lobão-Fiquene ocupa o Palácio dos Leões a deputada Roseana Sarney, eleita para os mandatos de 1995 a 1999 e 1999 a 2002. Em abril de 2002, no seu segundo mandato, renuncia ao cargo, para não ficar inelegível e se candidatar ao Senado da República. Substituída pelo vice, José Reinaldo Tavares, este, completa o mandato e se elege governador em outubro de 2002 para o mandato de 2003 a 2007. Rompido com o grupo Sarney, Zé Reinaldo não se afasta do governo para apoiar a candidatura do oposicionista Jackson Lago, que derrota Roseana Sarney no pleito de outubro de 2006. Em outubro de 2010, José Reinaldo concorre ao Senado, sendo derrotado, ficando em terceiro lugar na disputa eleitoral. Desejava candidatar-se novamente ao Senado nas eleições de 2014, mas desistiu para apoiar o vice-prefeito de São Luis, Roberto Rocha.