A BIBLIOTECA PÚBLICA E A POLÍTICA MARANHENSE

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Em 1891, o governador do Maranhão, João Gualberto Torreão Costa, nomeou o escritor Antônio Lobo para dirigir a Biblioteca Pública. Foi ele, segundo Antônio Lopes, um de seus mais dedicados e abnegados dirigentes, tendo prestado àquela casa de cultura relevantes serviços, dando-lhe arrumação, organização e catalogação.
Em 1910, ao deixar a direção da Biblioteca Pública, Antônio Lobo, que com a sua competência, tornou-a um ponto de encontro dos intelectuais maranhenses e bem freqüentada pelo povo de São Luis, disse em alto e bom som que o principal problema da Biblioteca era: “casa nova e de estantes metálicas”.
O interventor Paulo Ramos, à frente dos destinos do Maranhão, deu à Biblioteca Pública, que, à época funcionava nos baixos do edifício Onze de Agosto(ex-sede da Assembleia Legislativa, na Rua do Egito), não estantes metálicas, mas móveis novos.
A outra recomendação de Antônio Lobo, de que a Biblioteca Pública precisava de uma casa nova para ter melhor funcionalidade, cumpriu-se 57 anos depois, na gestão do governador Sebastião Archer da Silva.
Em 1948, na sua mensagem à Assembleia Legislativa, o governador disse que “ O Maranhão – pesa-me dizê-lo – só possui um estabelecimento de cultura – a Biblioteca Pública, presentemente instalada em prédio inadequado à Rua Colares Moreira”(onde é hoje a Academia Maranhense de Letras). Revelou ainda: “Inspirado nesse alto pensamento, expedi o decreto executivo de 21 de julho de 1948, abrindo o crédito especial de Cr$ 3.850.000,00, para fazer face às despesas com a construção de um prédio em que condignamente possa funcionar a Biblioteca”.
Depois de construída e inaugurada, na Praça do Pantheon, a Biblioteca Pública, que posteriormente recebeu o nome de Benedito Leite, em homenagem ao ex-governador do Maranhão, sofreu ao longo do tempo várias reformas. Mas nenhuma delas iguala-se à realizada na gestão da governadora Roseana Sarney. Inobstante a demora foi melhor e a mais completa de todas.
Mas os que pensam que o prédio da Biblioteca Benedito Leite, no correr desses anos, só teve a finalidade de proporcionar ao povo maranhenses condições de leitura e conhecimento, podem mudar de opinião.
Pelo menos em três momentos, a Biblioteca Pública serviu de palco para eventos políticos. Tudo por conta de reformas submetidas à sede do Poder Legislativo, na Rua do Egito. À falta de imóvel para suprir, ainda que por tempo determinado o funcionamento da Casa do Povo, deu ensejo a que os trabalhos legislativos se transferissem para a Praça do Pantheon. Era no seu auditório que os parlamentares se reuniam.
A primeira vez que a Biblioteca foi palco de uma crise política ocorreu no final de 1956, no auge do rompimento do governador Matos Carvalho com o vice, Alexandre Costa. Este, de acordo com a Constituição do Estado, presidia as sessões da Assembleia Legislativa, e, como tal embaraçava as propostas e projetos de interesse do Poder Executivo.
Para acabar essa situação, o deputado Baima Serra apresentou Emenda à Constituição, retirando do vice-governador a competência de comandar as sessões legislativas, proposta aprovada pela maioria governista, mas não aceita por Alexandre Costa. Criado o impasse, já que o vice não permitia o funcionamento da Assembleia, a solução veio com a mudança do Poder Legislativo para a Biblioteca Pública. No dia seguinte, acontece o que os governistas não esperavam. Antes de chegarem à Biblioteca, já encontraram Alexandre Costa tranquilamente sentado na mesa diretora e no ponto de presidi-la. Foi um Deus nos acuda.
A segunda vez foi nos anos 1960, quando outra reforma foi executada na sede do Poder Legislativo, que mais uma vez usou o auditório para o exercício das atividades parlamentares.
No dia 31 de janeiro de 1966, o prédio da Biblioteca não foi palco de crise política, mas de um evento auspicioso para as Oposições maranhenses: a chegada ao poder de um jovem candidato da UDN, José Sarney, que após o domínio de vinte anos do vitorinismo, derrotara a máquina do PSD. Sob a presidência do deputado Aldenir Silva, a Assembleia Legislativa realizava o ato de investidura no governo do Estado governador José Sarney e do vice, Antônio Dino.
Ainda em 1966, no começo de maio, o governador José Sarney enfrentaria uma crise política com o Poder Legislativo. Tudo acontece quando os deputados se reuniram na Biblioteca para eleger a mesa diretora da Assembleia.
No plenário, o MDB contava com 21 parlamentares e a Arena 19. Por isso, os emedebistas, que faziam oposição a Sarney, resolveram não compor com a os arenistas em torno da eleição da mesa diretora. Com dois deputados a mais do que a Arena, o MDB elegeu toda diretoria da Assembleia, tendo na presidência o deputado Carlos Magno Duque Bacelar, impondo insofismável derrota ao novo governador.
Mas, vinte e quatro horas depois da vitória de Magno, a situação já era outra. Os militares, que apoiavam o governador Sarney, pressionaram o novo presidente do Legislativo a renunciar ao cargo. Sem maiores resistências Magno renuncia e nova eleição é realizada, agora com a Arena em maioria, pois os deputados Orleans Brandão e Antônio Bento Farias deixaram o MDB e passaram para a Arena, que assim ficou majoritária.
Destituída toda a mesa diretora, a Arena elege nova diretoria,com o deputado Osvaldo da Costa Nunes Freire na presidência.

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