A ESTÁTUA DE JOÃO LISBOA
Nesta quinta-feira, 29 de novembro, a Academia Maranhense de Letras promove homenagem ao Bicentenário de nascimento do jornalista e historiador, João Francisco Lisboa.
Ás 17 horas, no Largo do Carmo, a colocação da placa na base da estátua do ilustre homenageado, placa dali retirada, há anos, pela ação do abominável vandalismo que impera na cidade e da leniência das autoridades. Às 18 horas, na Casa de Antônio Lobo, palestra do acadêmico Sálvio Dino, acerca a vida e obra de João Lisboa, entrega de medalhas a diversas autoridades e lançamento de dois livros sobre o ilustre intelectual.
Não é a primeira vez que a Academia Maranhense de Letras realiza solenidade especial em homenagem a João Francisco Lisboa. No século passado, a instituição cuidou de reverenciá-lo em várias e memoráveis oportunidades.
João Francisco Lisboa nasceu em Pirapemas, no dia 2 de março de 1812 e faleceu em Lisboa às duas horas da madrugada de 26 de abril de 1863, longe, portanto, de seu país e do Maranhão. Seu corpo foi conservado em um caixão de chumbo, depositado na igreja de São Paulo e transferido para o mausoléu do comerciante Sebastião José de Abreu, no cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Os restos mortais do notável historiador só chegaram a São Luís no dia 24 de maio de 1864, e, por decisão da Câmara Municipal, foram enterrados na capela-mor da Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo.
Ao aproximar-se o ano de 1912, no qual se comemoraria o centenário de nascimento de João Francisco Lisboa, decidiram os maranhenses movimentarem-se no sentido de enaltecer e perpetuar a sua memória. Com esse objetivo, o deputado e escritor Viriato Correia, na sessão de 8 de abril de 1911, apresenta projeto de lei ao Congresso Legislativo do Estado, autorizando o governo a abrir crédito necessário para a construção de uma estátua, em São Luís, em homenagem ao ilustre jornalista.
Motivos diversos impediram a inauguração da estátua no dia programado. Contudo, no dia 26 de abril de 1911, ocorre a transladação dos restos mortais de João Lisboa do Cemitério Municipal, de onde foram exumados, para o Largo do Carmo, sendo enterrados no centro da praça, em frente ao templo, no lugar destinado à estátua.
A cerimônia, realizada com pompa oficial, conta com a presença do governador Luis Domingues, de autoridades civis, militares e religiosas, intelectuais, sindicatos, estudantes e grande massa popular. A organização do ato cívico foi entregue à Academia Maranhense de Letras, cujo presidente, José Ribeiro do Amaral, foi o principal orador.
Ao completar-se o centenário de nascimento de João Francisco Lisboa, a 2 de março de 1912, a estátua ainda não estava pronta. Sua inauguração só se daria seis anos depois, ou seja, a 01 de janeiro de 1918, data que assinalava os oitenta anos da publicação do primeiro número da Crônica Maranhense.
A Academia Maranhense de Letras foi então convocada pelo governador do Estado, à época, Antônio Brício de Araújo, para preparar a solenidade de inauguração da estátua. O presidente, José Ribeiro do Amaral, e os membros da instituição, capricharam na organização do evento, que contou com a presença de Dona Maria Lisboa Airlie, filha adotiva do homenageado, acompanhada pelos netos.
A cerimônia, presidida pelo governador do Estado, Antônio Brício de Araújo, mobilizou toda a cidade. O prefeito de São Luís, Clodomir Cardoso, o bispo diocesano, Dom Francisco de Paula e Silva, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Valente de Figueiredo, o presidente do Congresso do Estado, deputado Carneiro de Freitas, numerosas autoridades e uma incomparável multidão, também participaram do auspicioso evento.
Da Academia Maranhense de Letras, compareceram os acadêmicos José Ribeiro do Amaral, Domingos Barbosa, Alfredo de Assis, Godofredo Viana, Fran Pacheco, Justo Jansen, Barbosa de Godois, Inácio Xavier de Carvalho e Almeida Nunes.
O presidente da AML, Ribeiro do Amaral, em nome do governo do Estado, profere extraordinário discurso, realçando a vida e obra de João Francisco Lisboa. Também presta relevantes informações sobre a confecção da estátua, executada pelo escultor francês, Jean Magrou, e a construção do monumento, a cargo do engenheiro, Haroldo Figueiredo.
Após os discursos, professoras e alunos da Escola Modelo Benedito Leite, cantam o Hino a João Lisboa, letra do acadêmico Alfredo de Assis, e música do professor Adelman Corrêa.
A 04 de maio de 1941, a estátua de João Lisboa foi removida da entrada principal do Palácio do Governo para a praça com o nome do notável publicista, literalmente reformada na gestão do prefeito Pedro Neiva.
Por ocasião do centenário de falecimento de João Francisco Lisboa, em 26 de abril de 1963, a Academia Maranhense de Letras, novamente movimenta-se para não deixar a efeméride passar em brancas nuvens. Uma Comissão, integrada por José de Ribamar Carvalho, Domingos Vieira Filho, Mário Meireles e Rubem Almeida, organiza a programação, cujo ponto alto foi o lançamento de livros sobre o autor do Jornal de Timon.